quinta-feira, 30 de setembro de 2010

SALINEIROS DE CORAÇÃO (IV) – SAL, A CINDERELLA DAS ILHAS










A Ilha do Sal tem um percurso histórico diferenciado das outras ilhas. Após a sua descoberta, vieram alguns habitantes da vizinha Boa Vista que aproveitaram os terrenos para criação de gados. Nessa altura, a ilha fazia parte do Concelho de Boa Vista.

1835, Manuel António Martins funda a povoação de Santa Maria. Inicialmente este deu o nome à povoação de Porto Martins mas a vila perpetuou-se no tempo como vila de Santa Maria.

OS TRÊS CICLOS DO DESENVOLVIMENTO DA ILHA

1º CICLO – DESENVOLVIMENTO DAS SALINAS

1919, a sociedade Salins du Cap Vert adquire as salinas da ilha do Sal, iniciando uma intensiva exploração das mesmas, reactivando o comércio do sal. Chegam pessoas das ilhas de São Nicolau, Boavista e Santo Antão para trabalhar nas salinas e são construídas casas para estes se instalarem, uma maquinaria para peneirar e pulverizar o sal e um teleférico de 1100 metros de comprimento que transportam 25 toneladas de sal por hora desde as salinas de Pedra de lume ao cais de embarque.

2º CICLO – DESENVOLVIMENTO AEROPORTUÁRIO

1939, dia 15 de Agosto, curiosamente dia consagrado a Nossa Senhora de Piedade, padroeira de Pedra de Lume, a ilha do Sal vê aterrar no seu solo, perante a estupefacção de todos, o seu primeiro avião (LATI).

1962, 11 de Maio, a South African Airways (SAA) teve um papel preponderante no desenvolvimento do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral e na vida económica da Ilha do Sal e de Cabo Verde;

Num segundo momento, no período Pós-independência, conforme Celso Estrela, pela primeira vez após os 26 anos da sua criação, a exploração desta infra-estrutura passou a dar lucros;

Por sua vez a ilha do Sal, sobretudo a povoação de Espargos, começa a dar sinais de crescimento populacional, o comércio e os serviços começam a desabrochar.

1981, a vila de Santa Maria, então sede do Concelho, perde o seu estatuto a favor do Espargo, e em contrapartida, mais hotéis são construídos tornando-se em consequência, e graças ao aeroporto, o capital do turismo em Cabo Verde.

3º CICLO – DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

1963, a história do turismo na ilha inicia com a chegada do casal belga Gaspard Vynckier e Marguerite Massart, atraídos pelo clima e, por razões de saúde, decidem construir uma casa de férias na vila de Santa Maria. Mais tarde a casa do casal belga passou a acolher as tripulações de várias companhias aéreas que faziam escala no Sal.

No panorama nacional, a ilha do Sal apresenta os melhores índices de crescimento e desenvolvimento, sendo vista como a ilha das oportunidades e um modelo de desenvolvimento para as outras ilhas.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do Sal não se deu porque havia algum plano ou programa que visasse o seu povoamento e/ou desenvolvimento – daí a nossa afirmação que a Ilha do Sal é a Cinderella das ilhas. Ela cresceu graças às suas condições naturais. Um português chamado Manuel António Martins, ao visitar a ilha votada ao abandono, viu as suas potencialidades naturais para o desenvolvimento da indústria salineira e resolve explorá-las.

Com a decadência da indústria salineira, aparece o ciclo do desenvolvimento aeroportuário que aconteceu naturalmente, a despeito dos grandes centros urbanos de então, numa ilha esquecida pelos governantes. Por razões óbvias, os leitores hão de concordar comigo que se as ilhas ditas mais desenvolvidas tivessem as condições que o Sal tem o aeroporto nunca seria construído ali.

O turismo desenvolveu-se naturalmente – graças aos dois ciclos anteriores e aos recursos naturais da ilha – a longevidade deste ciclo irá depender das estratégias traçadas pelos actores políticos, procurando corrigir os erros cometidos até hoje, centrando o desenvolvimento sustentável no ambiente e na pessoa humana.

Evel Rocha - Ildo0836@gmail.com

SALINEIROS DE CORAÇÃO (iii) - IMPACTO TURÍSTICO









O turismo favorece a criação de áreas, programas e entidades (governamentais e não governamentais) de protecção da fauna e flora e de conservação de sítios arqueológicos e monumentos históricos (Ruschmann, 2002), infelizmente, no nosso caso, acontece exactamente o contrário – como exemplo, as salinas de Pedra de Lume, o maior monumento histórico do país encontra-se em estado de degradação extrema transformando aquela localidade num vilarejo fantasmagórico.

Na minha última reflexão abordei a questão da necessidade de um estudo sobre a satisfação para analisar até que ponto o turismo pode ser um instrumento de desenvolvimento e valorização da pessoa humana, e como a hotelaria impacta a comunidade local. O que acontece no nosso meio, salvo raras excepções, os estudos encomendados nascem com o intuito de reforçar o ponto de vista de quem os encomenda e não de retratar a realidade tal como ela é.

Como pistas para reflexões posteriores, gostaria de cruzar alguns pressupostos do desenvolvimento turístico com alguns dados sociológicos relativos ao impacto do turismo em Santa Maria, segundo alguns depoimentos dos locais:

• Se por um lado há um sentimento de orgulho pelos recursos naturais turísticos da ilha por outro há uma desilusão pela forma como os próprios cidadãos se sentem privados da livre circulação pelos espaços turísticos à sua volta. (Besculides e colaboradores, 2002).

• A priori, o turismo deveria permitir que moradores e turistas inter-relacionassem – o que possibilitaria a aquisição não formal de conhecimentos e também para o desenvolvimento de tolerância mas, infelizmente, o modelo adoptado de «tudo incluído» afasta uns e outros numa clara desvantagem para os locais.

• O turismo favorece a criação de áreas, programas e entidades (governamentais e não governamentais) de protecção da fauna e flora e de conservação de sítios arqueológicos e monumentos históricos (Ruschmann, 2002), infelizmente, no nosso caso, acontece exactamente o contrário – como exemplo, as salinas de Pedra de Lume, o maior monumento histórico do país encontra-se em estado de degradação extrema transformando aquela localidade num vilarejo fantasmagórico.

• O turismo deveria contribuir para a melhoria das condições de acesso, instalação ou expansão de canalização de água, esgoto, energia eléctrica e outros serviços públicos (Aulicino, 2001); contrariamente a este pressuposto, temos uma cidade mal iluminada e o resto todos já sabem.

• O turismo contribui para a geração de renda, criação de empregos e aumento na arrecadação de impostos (Aulicino, 2001; Ruschmann, 2002; Burns, 2002). - Do ponto de vista do cidadão comum estas vantagens acabam por criar um sentimento de frustração e um pessimismo galopante visto que na prática essas receitas acabam nas mãos de uma minoria restrita e o emprego precário é desmotivante.

Para complicar ainda mais a vida, o cidadão comum, aquele que corre atrás do seu sustento no dia-a-dia, tem que lidar com (1) a especulação imobiliária que inflaciona o preço dos terrenos e leva à descaracterização do ambiente e à deslocalização dos moradores tradicionais do lugar – que são, em geral, confinados a locais mais pobres e distantes (Calvente, 2001); (2) mão-de-obra desqualificada como trabalhadores de construção civil, trabalhadores da restauração vindos de outras paragens desestruturando a economia de subsistência dos locais; (3) por razões económicas, trabalhadores vindos de outras ilhas e da costa africana acotovelam-se em quartos superlotados; (4) a insuficiência de moradias, de escolas, centros de saúde e acções culturais; (5) o aumento do preço das mercadorias, do barulho, problemas de saneamento básico, alteração nos estilos de vida e costumes.

PRINCIPAIS MONUMENTOS DE INTERESSE NO SAL:

1. SALINAS DE PEDRA DE LUME: o maior e mais importante património natural do país pela sua beleza e exuberância.

Estado de conservação: carece de uma intervenção urgente para preservação do que ainda existe antes que seja tarde demais.

2. FAROL DE FIÚRA: hoje, um gigante de pedra em ruína que a qualquer momento sucumbirá restando apenas pedra sobre pedra, contudo, à semelhança do que acontece em outras paragens, ainda vamos a tempo de reerguê-lo.

3. PONTÃO DE SANTA MARIA: ex libris da cidade, o cartão postal do país turístico.

Estado de conservação: muito boa mas completamente desfasado do que era o pontão original; reabilitar sim mas não delapidar o testemunho do passado.

4. RESIDÊNCIA DE MANUEL ANTÓNIO MARTINS: localizada em Santa Maria e, por se tratar do fundador da ilha, pela sua localização e dimensão, tem todas as condições para ser o museu da história da ilha).

Estado de conservação: decadente.

CONCLUSÃO

A Ilha do Sal deveria ter um estatuto especial, tendo em conta as suas especificidades no panorama nacional. Deste estatuto defendemos que (1) 49% das receitas do turismo deveria ser dirigida a acções que beneficiam directamente a população local e (2) todos os programas de investimento deveriam contemplar uma acção que reflectisse a Responsabilidade Social.

Lembremos que o sol, as praias e toda a riqueza natural desta ilha que são vendidos aos turistas pertencem este povo – os salineiros de coração.

Evel Rocha

Ildo0836@gmail.com

O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA ILHA DO SAL



SALINEIROS DE CORAÇÃO II
O primeiro grande erro das recentes estratégias políticas para o desenvolvimento turístico é a inversão dos valores. O pilar ambiental deveria ser o primeiro a ser preservado mas infelizmente a ênfase em demasia à parte económica acabou por ser esquecida não obstante os esforços de algumas organizações que defendem o meio ambiente




A Ilha do Sal é a única ilha do arquipélago que se desenvolveu graças aos seus próprios recursos naturais. Houve tempos que esta porção de terra não era mais que um asilo de criminosos e alguns poucos pastores de cabra e pescadores; As salinas de Pedra de Lume e Santa Maria sempre estiveram lá e não foi preciso muita imaginação humana para conquistarem o seu espaço como uma das maravilhas naturais deste planeta para um dos pilares de sustentação deste país; o aeroporto internacional foi construído no Sal graças às condições naturais da ilha e veio a transformar como a principal fonte de receita do país; o turismo que hoje se transformou na bandeira dos sucessivos governos dos últimos anos, já existia nestas paragens salislenas.

Hoje, registamos uma campanha quase que agressiva para atrair novos investidores e fazer crescer o número de turistas. Do nosso ponto de vista, este é um erro gravíssimo que as gerações vindouras terão de pagar se não houver uma urgente mudança na política virada para o turismo. O desenvolvimento turístico não se consegue a qualquer preço. Não há um plano de desenvolvimento sustentável virado para o turismo senão acções avulsas e, certos casos, irresponsáveis no investimento que agride o meio ambiente e marginaliza ostensivamente a população local.

O Desenvolvimento Turístico Sustentável, numa linguagem simplista, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais e é baseada nestes três pilares: (1) Ambiental, (2) social e (3) Económico.


1. O PILAR AMBIENTAL

O primeiro grande erro das recentes estratégias políticas para o desenvolvimento turístico é a inversão dos valores. O pilar ambiental deveria ser o primeiro a ser preservado mas infelizmente a ênfase em demasia à parte económica acabou por ser esquecida não obstante os esforços de algumas organizações que defendem o meio ambiente.

Na Ilha do Sal, as evidências agressivas ao ambiente são assustadoras. Como exemplo, temos o (1) desaparecimento quase por completo das salinas de Santa Maria que vão desaparecendo e dando lugar a construções que não levam em conta a natureza do solo artificial que por sua vez vem criando grandes constrangimentos â população na época das chuvas; (2) a construção de infraestruturas comerciais sobre a areia da praia de Santa Maria que, para além da deselegância estética, cobre em todo o seu comprimento uma boa parte da praia; (3) o não respeito pelas regras de construção nas zonas litorais ao permitirem a construção de prédios mesmo à beira do mar retirando aos moradores e visitantes a vista portentosa das praias; (4) o desaparecimento das dunas onde crescem algumas plantas e insectos em vias de extinção; (5) a não definição de espaços como reservas naturais; a necessidade de tributar uma percentagem das receitas turísticas para a preservação do ambiente local.

2. PILAR SOCIAL

Proteger a saúde, a segurança e uma melhor qualidade de vida das populações, promover o desenvolvimento pessoal da massa trabalhadora, defender as condições de trabalho e o direito à habitação condigna é promover o desenvolvimento turístico de qualidade.

Não importa ter a melhor praia do mundo, o clima mais apetecível, os estabelecimentos turísticos apinhados se a população local não usufruir deste bem que a natureza lhes auferiu. As ruas mal iluminadas, as estradas esburacadas, as condições subhumanas em que muitos moradores se encontram são evidências de que o desenvolvimento turístico até hoje traçado tem sido um fracasso – não importa ter as «melhores» leis do mundo se elas, na prática, não surtem efeito.

Ao visitar um dos hotéis aqui da ilha, ouvi um turista comentando sobre o inquérito de satisfação que ele teve acesso e surge a pergunta: para quando um inquérito de satisfação para analisar até que ponto o turismo pode ser um instrumento de desenvolvimento e valorização da pessoa humana, e como a hotelaria impacta a comunidade local? - Um estudo desta envergadura ajudaria na tomada de outras iniciativas que resultariam na criação de indicadores sociais na implementação de princípios éticos, dentro do conceito de responsabilidade social.

Como um exemplo emblemático da responsabilidade social, gostaria de destacar o papel crucial que o Hotel Morabeza desempenhou nos tempos em que a Companhia Fomento fechou as suas portas. Não fora a generosidade da família proprietária e o empenho dos directores do Morabeza haveria fome em Santa Maria.

3. PILAR ECONÓMICO

Seria interessante um estudo periódico para saber quantos dos turistas regressam de férias para o nosso país. A publicidade exacerbada pode ser perigosa se não tiver em conta as fragilidades das insfraestruturas locais. Há que se apostar na inovação, na qualidade e excelência.

Devemos lembrar sempre que o crescimento económico não é o mesmo que desenvolvimento económico e ter em conta que os recursos naturais são finitos e se não forem preservados um dia esgotar-se-ão. Corremos o risco de, em pouco tempo, ver os recursos naturais da ilha esgotados se não se inverterem esta tendência de centrar a estratégia de desenvolvimento apenas na economia que, a meu ver, deveria estar em terceiro plano. O crescimento económico sugere quantidade e se esgota em pouco tempo enquanto o desenvolvimento económico sugere qualidade e é mais duradouro.

À laia de conclusão, diria que Sal é a cinderella das ilhas atlânticas. Sempre foi assim. O facto de ter sido das últimas ilhas a serem povoadas demonstra o desinteresse ou a desconfiança das autoridades face às potencialidades da ilha. Se o turismo falhar outro milagre acontecerá.

SALINEIROS DE CORAÇÃO I

Esta é a ilha das muitas cores, da diversidade cultural, da sonoridade plurilingue. A semana do emigrante destes dois últimos anos veio provar que é possível a unidade na diversidade quando ouvimos os aplausos efusivos às manifestações culturais apresen-tadas pelos santomenses, senegaleses, britânicos e asiáticos

Vieram pessoas de todas as ilhas. Vinham em busca de trabalho e de uma vida melhor mas sempre com o desejo de regressar à «casa». Aos poucos criaram raízes e por aqui ficaram. Como eu, todos os ditos «salenses de gema» têm no sangue uma porção das outras ilhas. Sal transformou-se numa ilha global.

Ultimamente, nas conferências e fórum que passaram a ser um hábito no Sal, fala-se muito naquilo que chamamos de «orgulho salense» – os habitantes da ilha (refiro-me àqueles que nasceram e aqueles que elegeram o Sal como a sua morada) hoje, a uma só voz, defendem e exteriorizam o seu orgulho de pertença. Contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer de modo a cimentar esse facto.

1. UMA ILHA GLOBAL

Esta é a ilha das muitas cores, da diversidade cultural, da sonoridade plurilingue. A semana do emigrante destes dois últimos anos veio provar que é possível a unidade na diversidade quando ouvimos os aplausos efusivos às manifestações culturais apresen-tadas pelos santomenses, senegaleses, britânicos e asiáticos. "Ser livre não é mera-mente ter retiradas as correntes de uns, e sim viver de um modo que respeite a liber-dade dos outros"

( Nelson Mandela).

Ultrapassámos a época em que Sal era a ilha do desterro, «ilha de gente castigod», em que os funcionários que, por força da transferência, eram obrigados a permanecerem aqui; hoje, temos um parlamento local constituído por pessoas de outros quadrantes do arquipélago que defendem a ilha de uma forma em que só podemos nos orgulhar!

2. UMA ILHA CULTURAL

A poesia insular que ao longo dos séculos permaneceu em silêncio nas sumptuosas praias salislenas e nas chãs ressequidas de Fiúra até à Ponta de Sinó que por tempos intervalados acordava, ora ao som do violão de Luís Rendall e Taninho, ora ao som do piano de Tututa e pela voz de Mirrilobo e tantos jovens que de uma forma tímida emprestavam a sua voz à poesia, parece querer acordar de vez com a feliz iniciativa dos Tempos de Serenatas que todas as semanas percorre as artérias das nossas vilas, resgatando um bem precioso que veio reforçar o «orgulho salense».

O nascimento de grupos como Cordá Dja Sal, Unidos de S. Nicolau, Apocalipse e um número incontável de jovens músicos, amantes da literatura, o resgate das festas populares, a criação de associações de carácter social são indicadores de que a ilha está a crescer e a conquistar o seu espaço no universo cultural cabo-verdiano.

3. UMA ILHA COM HISTÓRIA

Contudo, há que reconhecer, a nível histórico, estamos regredindo mas a tempo de recuperar alguns monumentos que constituem a pedra de toque deste grande edifício que é a ilha do Sal. Um exemplo paradigmático do desaparecimento de vestígios histó-ricos locais é o majestoso farol de Fiúra em ruínas. O desaparecimento lento e agonia-do das salinas de Santa Maria espelham a irresponsabilidade e o completo abandono por parte de quem de direito, favorecendo o enriquecimento fácil; as salinas de Pedra de Lume, que são sem dúvida um património inigualável na história de Cabo Verde, pelo seu esplendoroso passado e pela sua actual exuberância, corre o risco de ter o mesmo destino das suas irmãs do sul da ilha. Em Santa Maria, a casa onde morou o fundador da Ilha ainda está lá mas não sabemos por quanto tempo – aos poucos vai desaparecendo num lento e doloroso silêncio à espera que alguém se lembre que foi a partir daquela casa – a casa de Manuel António Martins – que a história do povoamento da ilha começou a ser escrita.

Quero terminar este artigo citando um dos grandes vultos da música cabo-verdiana, rendendo a minha homenagem à ilha e ao autor, Tchinôa:

Ó Dja Sal,

Onte bo foi terra de gente castigod

Hoje bo é terra de gente bem penteod

Que bem na bo ca ta largob!