sábado, 16 de abril de 2011
SALINEIROS DE CORAÇÃO (XVI) – DJA D`SAL, UM HINO DE LOUVOR
Alcides Spencer Brito nasceu numa família de músicos. Filho de Nhô Mané Eugénia, irmão de Nhelas e Magui Spencer, todos artistas de renome. O seu repertório conta com músicas como «No Ca Babosa», «Cena de Ciúmes», «Paródia Familiar» mas o mais popular de todos que, em tempos, se tornou o hino da revolução é sem dúvida «Levanta Broce bo Grita bo Liberdade». Tchinôa tem tido alguma visibilidade como homem da música a nível nacional mas penso que a nível local, já é tempo de reconhecer e atribuir-lhe o devido destaque que merece.
A música «Dja d`Sal» é uma declaração de amor do autor à ilha que o viu nascer e o mais belo desta obra-prima é que ela traduz o sentimento dos salineiros de coração: sem o verde do vale de Paúl, sem o adorno da Brava em flor, sem o encanto das noites de Mindelo, Sal consegue ser o mel apetecido, a ilha «idolatrada» por aqueles que a amam de verdade. A primeira estrofe do hino «Dja d`Sal» é uma declaração de amor e fidelidade, a máxima expressão de louvor daqueles que viram esta ilha a crescer.
A segunda estrofe traz à memória os dias em que a ilha acolhia os desterrados, escorraçados do seu ninho, pescadores das ilhas vizinhas e pastores, os dias em que aqueles que pisavam esse chão ressequido contavam os dias de regresso e lamentavam a má sorte. Porém, de «castigode» passou a ser gente «bem papiode»; agora quem vem quer a sua parcela e fincar as suas raízes. Sim, só quem experimentou viver longe da terra mãe compreenderá estes versos de como deixou o seu torrão natal mas o coração ficou nas lembranças dos dias vividos na ilha.
A terceira estrofe é um compromisso de amar e honrar a ilha como se se tratasse de uma donzela, a nossa Sinderella, e por ela, bateremos como heróis para que continue brilhando no firmamento azul das dez estrelas douradas que compõem a nossa bandeira.
Sal de Manuel António Martins, Sal de Jorge Barbosa, ilha mágica da salina vulcânica, do areal puro de Santa Maria, das farras e tocatinas, das gentes vindas do mundo inteiro, babel de línguas, Sal da poesia e do trabalho… é esse o mundo mágico cantado por Tchinôa e todos nós fazemos parte deste coral de alegria e de prazer; é esse o mundo visualizado por Tchinoa, é isso que nos faz sonhar e nos orgulha de ser salense! Nunca é tarde demais para reconhecer o bem que os outros fizeram, por isso, aqui deixo a minha sincera homenagem ao senhor Alcides Spencer Brito.
Imaginem a música cantada um pouco mais lento por um coral, por exemplo, os alunos da Escola de Música Tututa dirigida pela professora Sadia Diouf. Não tenho dúvidas que esta obra-prima encaixa na perfeição no espírito e na alma salense. A simplicidade da letra e a riqueza melódica espelha o orgulho daqueles que se identificam como salineiros de coração. Esta música deveria ser decretada o hino da ilha do Sal, a pedra basilar na construção da consciência salense.
DJA D`SAL
Letra e Música de Alcídes Spencer Brito (Tchinoa)
D`xome na nha munde piquininin
D`xome na Dja Sal, Terra salgode
É um salgadura
Que tem doçura
Dia c´m dxa`l
É q`amargura
Ó Dja d`Sal
Onte bô foi terra d`gente
Castigode
Hoje bô é terra d`gente
Bem papiôde
Quem bem na bô
Ca ta largobe
Ta doeme ovi
Ta fla mal de bô
Ma f`ture de nôs tud
Ta na bô mon
D`agua azulin, oh q`sabura…!
É nôs esperança
Num f`tur d`bonança
Dja d`Sal
Nha ilha
Dja d`Sal
Nha Terra
Quem bem na bô
Ca ta largôbe
Evel Rocha
Ildo0836@gmail.com
http://poemasdesal.blogspot.com/
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