Como antes referido, os aglomerados urbanos nasceram juntos e no seguimento da instalação de um certo sector económico; devemos, por isso, ter em conta a origem dos aglomerados existentes e as diferentes vocações de cada um deles. Em termos espaciais, os quatro núcleos populacionais são todos de pequena dimensão e localizam-se de forma dispersa pelo território, diminuindo a possibilidade de integração do desenvolvimento local e engendrando repercussões que agravam as carências locais, em vez de permitirem a optimização das relações de vizinhança, o que minimizaria as carências e necessidades das populações locais.
A dispersão territorial dos aglomerados condiciona a própria actividade de planeamento.
Os aglomerados populacionais considerados são os seguintes:
I. Pedra de Lume
A mais antiga povoação do Sal, fundada em 1805 por Manuel Martins, conta hoje com 296 habitantes. Pedra de Lume é hoje uma povoação formada por famílias de ex-trabalhadores das salinas que moram nas filas de casas construídas na época do comércio do sal, quando o desenvolvimento atingia o povoado. Há ainda ali uma capela do século passado, velhos barracões, as instalações de transporte por cabo, um sistema de moenda e ensacamento do sal, que se encontram em avançado estado de degradação, apresentando-se sem qualquer alteração há mais de cinquenta anos. A partir dessa altura o desenvolvimento nunca mais atingiu a povoação, aparentando, ao se lá chegar, estarmos a voltar atrás no tempo.
Exemplo espectacular de Arqueologia Industrial, Pedra de Lume é uma memória viva, património cultural que tem de ser preservado, e não sujeito a alterações que destruam os traços, as marcas do tempo.
Recentemente, o governo alargou a ZDTI (Zona de Desenvolvimento Turístico Integral) de Pedra de Lume (Fig.1), incluindo terrenos que faziam parte da ZRPT (faixa de 1 km da orla costeira) com uma configuração desde a cratera até à baía de Parda. Toda esta zona foi recentemente adquirida por privados, ligados a futuros projectos de aproveitamento e valorização turística, que prevêem hotéis, casas unifamiliares, uma clínica de talassoterapia e criação de um centro histórico.
Espargos
A povoação cresceu à volta das actividades aeroportuárias. Nasceu mesmo com as primeiras instalações de apoio à companhia italiana LATI nos seus voos da Europa para a América do Sul. Espargos nunca mais parou de crescer, constituindo a maior concentração de população do Sal, com 12.919 habitantes. Ocupa hoje uma posição central em termos administrativos e como principal centro comercial da ilha.
II. Palmeira
Trata-se de uma aldeia piscatória antiga, com 1.187 habitantes, cujo desembarcadouro era conhecido pelos mais antigos navegantes que demandavam a ilha em busca de tartarugas e da pesca. Com a implantação dos terminais de descarga de combustíveis para a navegação aérea e, mais tarde, das instalações de frio para a conservação e armazenamento do pescado, o povoado foi crescendo e, com a construção do porto, consolidando-se como elemento estruturante do desenvolvimento da ilha. Hoje é o centro de produção de energia eléctrica e de água potável da ilha, centro de armazenagem e futura zona de desenvolvimento industrial.
III. S.Maria
Nascida em 1835 à volta da exploração e mercado do Sal, conta com 3.229 habitantes, estando localizada na ampla baía que constitui o bordo sul da ilha. Nos anos 40 e 50 teve um período de desenvolvimento económico com a pesca e as conservas de atum. Com a construção do aeroporto no Lajedo dos Espargos, o centro de actividade económica da ilha deslocar-se-ia para esta povoação. Santa Maria, com o estatuto de Vila, continuaria a ser sede do Concelho até há bem pouco tempo em que a concentração de actividades nos Espargos motivaria a transferência definitiva da Câmara para Espargos.
Hoje, a sua principal actividade económica é o turismo. A Vila concentra o grosso das infra-estruturas hoteleiras, mas é extremamente pobre em equipamentos sociais e urbanos. Ela é visitada por muitos turistas estrangeiros, alguns com residência fixa. O facto da Vila ter sido “enclausurada” numa Zona de Desenvolvimento Turístico Integral, limita os poderes locais e condiciona sobremaneira o seu desenvolvimento. (Fig.2-2a)
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